O Tião Corrêa contou que, antes
do nascimento dele, o pai dele teve de fazer uma viagem de carro de boi até Patrocínio, para buscar uma carga, junto com outro
carreiro e o candeeiro Caetano.
Naquela época, antes de 1940, não havia automóveis na região de Vazante. Ao
chegarem próximo à rodovia de Patrocínio,
avistaram um carro antigo que eles chamavam de baratinha, foi quando o
Caetano viu aquele negócio estranho, com
dois homens dentro, fazendo um barulho esquisito, se aproximando. Então, o menino largou a guia
e saiu correndo pelo serrado afora. Correu, correu, retornou e pulou dentro do
carro de boi. Ficou encolhido abraçando o cabeçalho. O carreiro tentou
acalmá-lo dizendo: “Larga de ser bobo, isso é apenas um carro à gasolina”.
Caetano respondeu: “Não senhor, não senhor é um bicho, e ele já pegou dois!”
Com muita dificuldade conseguiram tirar o Caetano de lá e seguiram viagem. Ao
chegarem a Patrocínio, não demorou muito para ouvirem o apito do trem de ferro
(maria fumaça) que estava chegando à cidade. Mas quando Caetano viu o tamanho
do bicho, com aquele barulho quase que ensurdecedor, novamente ele se desesperou,
saiu correndo e entrou na primeira casa que estava com a porta aberta e se
escondeu debaixo da cama. Enquanto ele entrava correndo para dentro da casa, os
moradores se assustaram e saíram correndo para fora, com medo, sem saber o que
estava acontecendo. O carreiro Joaquim Machado pediu licença aos moradores para
entrar na casa deles e tirar o Caetano de lá. Quando ele pegou no pé do Caetano
e puxou, o menino gritou: “Não me leva não! Tô com medo, tô com medo! O bicho
tava falando ticomu, ticomu, ticomu, ticomu!”
* Trecho do livro: FESTAS DE CARROS DE BOI, do escritor Rogério Corrêa
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