Almas perdidas
Carlos, 49 anos, quando era jovem foi visitar um parente que morava em uma
fazenda daquelas bem antigas que todas as portas, janelas e assoalho eram de
madeira.
Enquanto aguardavam preparar o jantar feito no fogão à lenha e panelas de
ferro, escutava os mais velhos prosearem. Jantaram, e mais tarde ele seguiu
para um quarto que ficava próximo à porta da sala.
Na época não havia energia elétrica, apenas lamparina e um lampião na
cozinha. Se deitou e alguns minutos depois, quando estava quase dormindo, ouviu
o barulho da porta do seu quarto se abrindo. Perguntou quem estava ali e nada
foi respondido. Acendeu a lamparina e percebeu que a porta estava fechada.
Algum tempo depois apagou o fogo da lamparina e tentou dormir. Novamente
ouviu outro barulho da porta se abrindo. Começou a sentir alguns arrepios pelo
corpo e o medo se apossou dele. Acendeu
a lamparina e mesmo com ela acessa escutou o barulho da porta se abrindo, só
que ela continuava fechada. Carlos ficou tão apavorado que para conseguir
dormir teve que mudar de quarto.
Questionei sobre o tal barulho e o que ele achava que fosse. Respondeu que
nunca foi medroso e não acreditava em muitas coisas que os outros contavam.
Porém, se lembrava bem do que ouvira, o quanto ficara aterrorizado e que
aqueles arrepios não eram coisa normal. Achava que os barulhos foram feitos por
almas perdidas que gostam de caçoar dos outros.
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