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quinta-feira
Carapina - fazedor de carros de bi
Encontrei no Youtube um belo vídeo "Seu Quim, o fazedor de carros de boi"
"Como uma pérola incrustada numa ostra, vive seu Joaquim Costa escondido
nas faldas da Serra da Mantiqueira. Imagine um velho de 83 anos, os
olhinhos bem acesos, travesso e jovial como um moleque que acabou de
descobrir a liberdade. Pois esse é o homem que encontrei hoje de manhã
em sua oficina, em São Bento do Sapucaí SP, contente da vida, inebriado
com sua cachaça, o fazer artesanal de carros de boi.
Seu Quim
vive sozinho, é viúvo duas vezes e sente muita falta das duas esposas
que se foram, mesmo com todo o amor que lhe dedica a filha Luzia, sua
vizinha, que cuida muito bem da casa e do estômago do pai.
Desde
criança seu Quim se interessou por mexer com a madeira e foi aprendendo
de curioso com um vizinho, a arte de construir esse intrincado objeto
de arte que é o carro de boi. Nunca mais largou. Hoje tem uma oficina
montada, totalmente em função das centenas de peças diferentes que
compõem um carro de boi. Gosta de trabalhar sozinho, pois, segundo ele,
ajudante dá muito trabalho. Mesmo os paus mais pesados ele levanta
sozinho, com ajuda de alavancas e carrinhos adaptados para esta
finalidade.
"De primeiro", seu Quim ia na mata cortar os
jacarandás, as taiúvas, os paus-de-óleo e as pereiras que usava para
fazer seus carros de bois. Hoje já não se pode mais derrubar essa
madeira e ele ou compra madeira do norte, ou usa a madeira caída
naturalmente nas matas ao redor.
Paciente e didático, seu Quim
me mostra cada ferramenta e explica para que servem. Há goivas curvas,
trados de diversas medidas, serrotes pequenos e grandes, macetes de
todos os tamanhos e pesos, a maioria construídos por ele mesmo, para
moldar precisa e artesanalmente, as peças dos carros que constrói para
vender. Os clientes são pessoas que encomendam para enfeitar o jardim do
sítio como peça de decoração, já que hoje, pelo menos aqui na nossa
região, o trator já desbancou faz tempo o carro de bois.
Seu
Quim fez apenas um discípulo, um rapaz de Paraisópolis, que hoje vive de
fazer carros de bois. Diz ele que hoje a juventude não quer saber
dessas coisas. Ele aprendeu pela "precisão", num tempo em que o carro de
bois era o caminhão da roça. Hoje tá tudo facilitado pelo progresso,
quem vai se dar o trabalho de montar um quebra cabeças que não tem
praticamente demanda?
Seu Quim sabe que não pode parar, que é o
trabalho que lhe dá a saúde e a alegria de viver. Quem capina o entorno
da casa é ele mesmo e hoje, ao invés de derrubar árvores, ele está é
plantando as madeiras boas de se fazer carros de bois, segundo ele, uma
maneira de compensar o "estrago" que fez no passado. Na sua opinião,
essa lei devia ter vindo há muito tempo, antes da mata se acabar...
Seu
Quim tem uma saúde de ferro, diz ele que só foi ao médico por
insistência das filhas, que por ele não carecia. O que disse o doutor
depois do checkup? Que ele está em forma, melhor que muito jovem e
preparadíssimo para a terceira esposa!
Post scriptum (no dia seguinte)
Ontem,
depois da visita ao seu Quim, ao passarmos pela porteira do sítio, eu
vinha comentando com minha esposa e um amigo, que uma pessoa como seu
Quim não podia parar. E que se parasse, ou adoecia ou morria. Nessa hora
eu imaginei e falei para eles que seu Quim teria uma morte como a que
eu planejo para mim, uma passagem tranqüila, sem dramas e grandes
despedidas. Uma morte de quem se deu conta que venceu o prazo de
validade e resolve partir sereno para a vida eterna.
Pois foi o que aconteceu hoje à tarde com seu Quim, cujo corpo encontraram sentado no sofá da sala.
Eu
não vi nem me disseram, mas posso imaginar um sorriso em seu rosto e
tenho certeza de que ele escolheu morrer assim, com a sensação do dever
cumprido.
Parece até que ele esperou nossa visita, que estava
programada desde meados do ano passado e por sorte aconteceu ontem, um
dia antes de sua partida. Guardo dele não somente a lembrança de um
homem de fibra, totalmente dedicado a exercer o dom que Deus lhe deu,
mas também dois pedacinhos de madeira muito cheirosos que ele nos
presenteou; uma rodelinha de sassafrás e uma lasca de pereira, com os
quais minha esposa quer fazer um perfume.
Agradeço ao Criador o
privilégio de tê-lo conhecido pessoalmente, pois estão cada vez mais
raros os mestres que, como seu Quim, largaram cedo os bancos escolares e
foram aprender as lições da vida diretamente com a Mãe Natureza.
Obrigada sou a Maria Bernardete da Costa Prado, filha de seu Quim Costa contato (12)997282966,em 2016,foi construído o Museu do carro de boi atendendo o pedido de meu pai,que sempre comentava para não deixar morrer o valoroso transporte pioneiro do Brasil! O
Obrigada foi um rico documentário registrado por Francisco Laca.
ResponderExcluirEncantam os visitantes do Museu realizado a pedido de meu querido pai.
Obrigada sou a Maria Bernardete da Costa Prado, filha de seu Quim Costa contato (12)997282966,em 2016,foi construído o Museu do carro de boi atendendo o pedido de meu pai,que sempre comentava para não deixar morrer o valoroso transporte pioneiro do Brasil!
ResponderExcluirO