sexta-feira

Guardião da botija de ouro


Trecho do livro Histórias do além, de Rogério Corrêa:

Guardião da botija de ouro

No interior do município de São Borja ― RS, Gerson narrou que um tio avô, descendente de alemães, adquiriu há muito tempo uma fazenda antiga e se mudou para ela.
Tinha uma casa grande de assoalho de madeira, casa de queijo, paiol, chiqueiro, curral, barracão, mangueira e uma casa de tijolo de adobe[1] já bastante desgastada pelo tempo.
Um primo dele, depois de trabalhar muito na parte da manhã, foi almoçar. Tirou o arreio do cavalo e o soltou no barracão para se alimentar e tomar água. Por estar bem quente, depois de almoçar resolveu tirar uma soneca debaixo de uma árvore que fica do lado da casa de adobe.
Jogou um poncho no chão e tirou uma soneca. Ao  acordar, viu um índio com uma faca na mão em cima do esteio da casa, e, de imediato saltou na direção dele. A única reação que teve foi dar um grito bem alto. Num piscar de olhos o índio desapareceu. O pai, mãe e irmãos dele foram ver o porquê dos gritos. Ele contou o que aconteceu e eles falaram que era coisa da cabeça dele.
No outro ano resolveram fazer um galinheiro, aproveitando um dos cantos daquela casa de adobe. Ao furarem do lado do esteio para colocarem uma estaca acertaram uma pequena botija. Ao desenterrarem, perceberam que tinha ouro dentro.  Gerson assegura que não tinha muito ouro, mais deu um bom dinheiro.
Com a descoberta da botija de ouro, seu primo começou a pensar naquela visão tida no ano anterior  e que o deixara apavorado. Talvez fosse, na verdade, o guardião da botija. Concluiu isso por já ter ouvido falar que em alguns casos o dono da botija, ou alguém que perdeu a vida por causa dela, se torna guardião.



[1] Tijolo de adobe: são tijolos feitos de barro, água e esterco de gado.

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quinta-feira

Festa do Carreiro em Goiabeira - MG

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Encontro de Carro de Boi em São Pedro da União - MG

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Produtor rural de Unaí muda de fazenda levando tudo em carros de boi*

"A comitiva percorreu mais de 60Km numa viagem cheia de desafios
O Globo Rural exibiu na manhã deste domingo (01), uma bela matéria sobre a mudança do unaiense Valter Amorim – mais conhecido como Valtinho doido – da fazenda Barreiro para a Fazenda Catingueiro. Todo o transporte foi feito em carro de boi e a viagem de 60km demorou 6 dias.

Confira abaixo na íntegra a matéria exibida pela TV Globo.
Se mudar de casa já dá um trabalhão, imagina mudar de fazenda – levando além dos móveis e roupas, os equipamentos, os animais… Agora, e transportar tudo isso em carro de boi? Foi o que fez um agricultor. E nós acompanhamos a comitiva.
Fazenda Barreiro, Unaí, noroeste de Minas Gerais. Aqui, seu Valter Amorim – mais conhecido como Valtinho Doido – viveu por mais de 30 anos e teve cinco filhos. Hoje divorciado, ele conta com ajuda de três filhos para tocar a criação de bois, em 500 hectares. Ainda mantêm umas cabeças de búfalo, porcos e galinhas… e pavões. Na casa, a coleção de apetrechos para montaria. Seu Valtinho faz gosto por tudo o que é do campo, mas tem um apego especial!
“O carro de boi é uma paixão muito profunda, sabe. Muito avançada. Tenho 24 carros de boi. De pequeno a grande”, conta Valtinho.
Agora o Seu Valtinho está de mudança. Fez uma troca, ou como dizem por aqui, uma catira. Vai pra fazenda Catingueiro,  700 hectares, a 60 quilômetros daqui. E essa mudança vai ser feita só no carro de boi.
“Essa mudança de carro de boi… Isso é um resgate de cultura… Eu nasci e criei nessa cultura. Carro de carro de boi é um amigo meu. Um familiar”, diz ele.
A arrumação dos carros começa um dia antes da partida. E conta com boa ajuda. “Esse é o meu irmão Maurinho, veio de Brasília, esse é o Gustavo, meu filho. Esse é outro filho Valter, esse é neto Paulo César. Esse é sobrinho Pedro Henrique, esse é sobrinho João Pedro, esse é gêmeo dele, só que mamou mais… Um amigo deles, Gabriel de Brasília e o Edson, o Fizito, amigo que nos ajuda há 13 anos”, (veja no vídeo) apresenta Seu Valtinho, um a um.
Mudança inclui os animais de Seu Valter
A preparação é toda organizada pelo Seu Valter. Carros prontos, hora de colocar a mudança! Que inclui as criações. Foi aquela correria para pegar os pavões. Depois mais correria atrás das galinhas. Haja fôlego! E não acabou, chegou a vez dos porcos…
“Como na estrada não tem geladeira, a gente fez carne de lata. Essa tá cheia de carne de porco. E aqui biscoito que nunca fica velho, chama peta. Tá cheio de peta pra gente tomar café”, mostra ele (veja no vídeo). E também não vai faltar alimento pra alma: seu Valter vai levar a sanfona de 8 baixos, conhecida como pé de bode.
Logo de madrugada, o pessoal já começa a cangar os bois e montar a junta, de oito a dez animais. E chegou mais gente pra ajudar o Seu Valter, os amigos carreiros.
A comitiva toda enfileirada vai deixando para trás a fazenda Barreiro. Além dos móveis, as galinhas e os porcos, ficaram bem ajeitados nos carros. E também tem o milho que vai alimentar as criações para uma viagem de muitos dias. Na estrada, vão deixando as marcas na terra, ao som da cantoria das rodas.
Aos 64 anos, seu Valter demonstra muito vigor… Ele vai a pé o tempo todo, orientando os companheiros. O primeiro dia rendeu quase 20 quilômetros… até chegar no primeiro pouso.
Viagem é interrompida pela chuva
debaixo do aguaceiro que os animais são soltos no pasto do pouso. Enquanto isso, a comida é preparada: arroz com macarrão e carne de lata… Hora de matar a fome e recuperar a energia… Mas, quem falou em falta de energia?
Depois de dois dias parada por causa da chuva, a viagem recomeça e cheia de desafios, como uma travessia no rio, demorada e cuidadosa… Nessa aventura, tem até carro de bode.
A comitiva vai passando por diferentes paisagens até um chegar a um dos pontos mais difíceis: a subida da serra. No último dia de viagem, a comitiva passa no meio de plantações…  Mais de cem animais… Dezenas de pessoas…  E o sonho do Seu Valter de fazer a mudança nos carros de boi tá quase se concretizando… Até o filho, Valter Amorim, se surpreendeu.
Se foi sofrido? “Nada. Isso é diversão”, diz Seu Valter. Passando a porteira da nova fazenda, a casa é um pouco menor e mais nova. Terreno  plano e um pasto bem melhor. Sem contar com as áreas de mata, bem preservadas. Depois de soltar os animais, Seu Valter tá que não se aguenta de tanta felicidade… E aí foi só comemorar com os amigos de jornada.
Esse tipo viagem exige muito dos animais, mas como o pasto da fazenda nova estava bem cuidado, eles se recuperaram rapidinho."

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domingo

Casebre mal-assombrado. Trecho do livro Histórias do Além, de Rogério Corrêa

Trecho do livro Histórias do além, de Rogério Corrêa:

Casebre mal-assombrado:
  

Na sede velha de uma fazenda em Minas Gerais já aconteceram muitas coisas estranhas.
O finado Jair contou que testemunhou um dia em que algumas pessoas espíritas desenterraram um pequeno tesouro perto do velho casebre.
Aconteceram muitas coisas estranhas naquela noite, viram dicoques[1] do tamanho de uma bacia, um gato preto dos olhos vermelhos e do rabo muito grosso, além do aparecimento de marimbondos.
Zé Raimundo contou que morava na tal casa de fazenda do senhor José, seu compadre, e presenciou um casal de baianos que morava em Belo Horizonte e havia sido contratado para tirar as coisas esquisitas dali, falharem. Assim como outros, como se verá adiante. No caso dos baianos, um bicho prendeu as pernas do homem atrás da cabeça dele, e a coisa foi feia. Somente com muito sacrifício foi que as pernas do homem voltaram para o lugar.
Em outra ocasião chamaram uma mulher para “fazer o trabalho” de tentar retirar as assombrações do lugar. A mulher começou a falar coisas incompreensíveis, e andar com as mãos em lugar dos pés. Às vezes, andava apenas em uma das mãos dentro da casa. Foi um peteco só.

Já era bem tarde da noite, e o Zé Raimundo e a esposa dele não queriam dormir no local, então resolveram ir para Vazante.
No entanto, as pessoas contratadas pediram para ninguém ir enquanto não concluíssem todo o trabalho, caso contrário poderia acontecer alguma coisa no caminho.
As recomendações foram atendidas, aguardaram dentro do carro. Quando era de madrugada, acordaram e avistaram um homem estranho passando próximo ao carro e desaparecer em seguida. Isso não o impressionou, pois podia ser uma pessoa qualquer passando por ali naquele horário. Porém, criou coragem de ir embora para a cidade, mesmo correndo o perigo de o bicho jogar eles dentro de uma ponte ou coisa parecida.
Não aconteceu nada e também não resolveram o problema.
Novamente trouxeram ajuda com outra pessoa do ramo, outra mulher. Ela chegou na fazenda por volta de meio-dia. Pouco tempo depois ela disse que a coisa estava debaixo de um pé  de manga. Mal falou isso e levou uma queda bruta que a virou de pés pra cima, ela se esborrachou no chão.
Ao se levantar, a mulher estava com uma voz estranha e falando coisas esquisitas, braba como uma onça raivosa, falando que iria pegar um da família. Nessa hora o homem que acompanhava a mulher pediu para ajudá-lo a segurá-la. A mulher passou a mão em um trancelim de ouro e o trancelim se despedaçou em muitos pedaços.
Continuava espumando a boca e falando coisas do outro mundo, coisas que ninguém entendia. O marido da mulher pediu ajuda. Ele era mais jovem, naquela época, tinha muita força. Foi em direção à mulher e deu uma cacetada nas costas dela, com as próprias mãos.  Ele pensou que ela iria cair de bruços devido à forte pancada, só que a coisa deu uma cambalhota e caiu de costas, e continuou falando coisas estranhas.
Novamente o marido da mulher pediu ajuda, no sentido de irem buscar outro cidadão também dedicado ao mundo espiritual para ajudá-los a resolver o caso.
Zé Raimundo não quis saber de ir buscar o outro homem na cidade, entregou as chaves para ele e pediu que entregassem o carro no outro dia.
Pensou que não receberia o carro inteiro. No outro dia entregaram o carro do mesmo jeito que antes e foi informado que não deram conta de resolver o caso.
Se antes não tinha medo, a partir daí começou a ficar com muito receio da coisa. Por respeito ao proprietário da fazenda, apesar dos bons motivos para se mudar de lá, sempre era convencido a não o fazer, porque se se mudasse, nenhuma outra pessoa moraria lá.
Passados alguns dias, acordou durante a noite e sentiu um grande arruaço e ouviu uma voz grossa dentro do quarto escuro. Ele perguntou:
― Quem está aí? O que você quer?
E a coisa respondeu:
― A partir de agora, é eu, ocê ou um túmulo.
Naquela hora ele falou para a coisa que não queria nada de túmulo ou de coisa nenhuma, só queria sair dali.
Chamou a esposa, mas, ela não acordava de jeito nenhum. Depois de muita insistência, conseguiu despertá-la. Contou o que tinha acontecido e informou que iam para a cidade naquela hora (pouco mais de meia-noite). Era só o tempo de vestirem as roupas e pegar uma lamparina[2] para levar até o carro.
Zé Raimundo ficou com tanto medo que chegou a pensar que a coisa iria pegar eles no caminho e cortar o farol do carro. Por isso, tinha de levar uma lamparina.
Entrou no seu fusca e seguiu viagem muito preocupado e ainda assombrado. No caminho não aconteceu nada, porém, quando entrou na cidade, perto onde é o atual Fórum de Justiça, virou para à direita, na rua que atualmente fica a Delegacia de Polícia Civil. A coisa deu uma chicotada no carro, na parte traseira, fez um barulhão, parecia um tiro, de tão alto. Olhou pelo retrovisor e, dos lados, não viu nada. Perdeu a coragem de parar na delegacia e acelerou. Ao chegar na fazenda de seu patrão, não quis acordá-lo. Dormiram na casa próxima, onde a sua mãe morava.
Quando o dia amanheceu, o senhor José avistou o carro, e então foi cumprimentar seu compadre.
― Bom dia, compadre.
― Bom dia.
― O que aconteceu para estar aqui tão cedo? ― Ele perguntou.
Zé Raimundo contou tudo ao patrão, o compadre senhor José, e informou que não voltaria mais àquela casa.
Nessa hora o senhor José colocou as mãos na cabeça e suplicou:
― Meu compadre, pelo amor de Deus, não deixa a casa, porque se o senhor sair de lá, outra pessoa não permanecerá na casa.
― Compadre, dessa vez não tem volta, está decidido, não durmo lá nunca mais.
― Não tem volta mesmo?
― Não, compadre, eu lamento.
Zé Virgílio ficou calado por algum tempo, depois falou:
― O senhor vai ter que voltar lá agora para tirar o leite e levar sal para o gado.
Senhor José era muito sistemático, e por eles darem muito certo, resolveu fazer o solicitado. Quando já estava perto da fazenda, em uma reta, uns cento e poucos metros da casa, a coisa ruim pegou um dos lados do carro e levantou para o alto, se levantasse mais um pouco ele virava. Ficou com tanto medo que só lembrou de pedir proteção à Nossa Senhora, e, então, o cramulhão soltou o fusca e deu aquele solavanco que quase o despedaçou.
Zé Raimundo conta que olhou para os lados e não viu nada. Naquele momento ele se tremia todo, e o medo era demais. A parte da estrada em que ele estava era um lugar tão reto, e sem mais nem menos o trem fez aquilo com o carro!
Terminou de chegar na casa, porém, não entrou dentro dela. Zé Raimundo estava meio desorientado, parecia um tanto ruim da cabeça. Mesmo daquele jeito, tirou o leite, fez os queijos, colocou sal nos cochos e retornou para a fazenda do patrão.
Ficou tão descabreado com aquele lugar assombrado, que acabou esquecendo até o cachorro que ele mais gostava. Nos outros dias ele não retornou à fazenda, o senhor José tinha arrumado outro peão para tirar o leite e fazer os queijos.
Passados alguns dias, Zé Raimundo se lembrou de que tinha de voltar lá para buscar o cachorro, caso contrário, o cachorro morreria de fome.
Dessa vez foram a cavalo, levando um cachorro preto da irmã dele, o corta-ferro, e mais dois homens.
Olharam o gado, e, quando estavam passando perto do cemitério, veio um carro e atropelou o cachorro corta-ferro. O bichinho morreu na hora. O meu cachorro foi levado amarrado para não fugir.
Se é ou não coincidência, Zé Raimundo disse que evita pensar naquilo.
Alguns dias depois, voltou lá para mostrar a propriedade para o Baltazar, e o Baltazar disse a ele:
― Zé Raimundo você é mole demais, sô! Da donde já se viu isso? Se aparecer algo aqui, irei amarrar ele pelo saco.
Zé Raimundo desejou boa sorte, ao Baltazar, explicando que não teve coragem de permanecer ali.
Poucos dias depois de ele sair da casa, o Baltazar bebeu uma enorme quantidade de veneno Furadan[3], e de acordo com os conhecidos dele, fez até um buraco na cacunda.
Ficou-se sabendo também, pela boca dos outros, que logo após o Baltazar ter bebido veneno, foi em direção aos seus amigos e falou que tinha bebido uma coisa e ia morrer, só que não queria morrer de jeito nenhum, mas, ia morrer de todo jeito. E morreu de fato.
Zé Raimundo acha que foram as bobeiras que o sujeito falou que provocaram a sua morte.
Após essa tragédia o senhor José convidou um padre para uma celebração na fazenda assobrada. No dia da missa, além dos muitos convidados e familiares, estavam presentes junto com eles um pai de santo de outra cidade, para resguardar o padre, caso acontecesse algo com ele.
Apenas senhor José e a esposa dele tinham conhecimento do fato. Depois do ato ecumênico, nunca mais teve algo diferente na fazenda. Foram muitos os moradores e nenhum deles reclamou de assombração.


[1] Sapo bem grande conhecido popularmente como cururu.
[2] Lamparina é um objeto cônico de latão onde se derrama querosene que molha um cordão que serve de pavio para colocar fogo e iluminar o local. Lamparinas eram usadas principalmente onde não possuiam energia elétrica. Atualmente são poucas as localidades que as usam.
[3] Furadan é um veneno fortíssimo e perigoso. Inclusive existem vários relatos de pessoas perderem a vida após a sua ingestão.   


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quarta-feira

Festa do Carro de Boi de Afonso Cláudio - ES

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Festa dos Carros de Boi Raposo - RJ

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