Carreiro espertalhão
Jovino
Gonçalves Filho, 80 anos, descreveu que desde cedo o seu pai o
obrigava a lidar com os bois. Só que não gostava do cantar do carro e sim do
canto dos pássaros. Mesmo assim tinha de ajudar seu pai. Algumas das vezes,
como candeeiro, ele deixava a boiada se adiantar, e, depois, tinha de sair
correndo atrás para alcançá-los.

Em alguns desses carretos, ele
estava com muita fome e queria chegar logo em casa para almoçar ou jantar.
Então, o jeito era apertar o passo para chegar rápido. Enquanto isso, pai dele pedia
para andar mais devagar, principalmente nas descidas. Mas, a fome era tanta, que
ele passara a pensar só com a barriga, e, evitava diminuir o passo. Algumas
vezes, sua atitude fazia com que o carro tombasse.
Inúmeras vezes a roda subiu no
barranco ou em pedras grandes e tombou. Só que em vez de chegar cedo, tinha que
desvirar o carro, arrumar a esteira e colocar o milho bem arrumado novamente.
Sua vontade de chegar quase sempre os fazia demorar e passar mais fome.
— Etâ tempo custoso e
trabalheira! — suspira seu Jovino.
Ele diz que gosta de ver os
carros, só que carrear, de jeito nenhum! Se recorda de os seus tios mais velhos
contarem das longas viagens que eles faziam para buscar sal, querosene ou outro
produto industrializado. Às vezes, eles demoravam meses para ir e voltar de
cidades longe, principalmente, em época de chuva, que fazia com que quebrassem
mais as tralhas da boiada, e as arreatas arrebentavam muito.
Mesmo levando bastante tralha
de reserva, tinham que improvisar com o facão e machado, porque quebravam
demais.
Algumas vezes tinham de
esperar dias até a chuva diminuir um pouco para seguirem viagem ou passar em
riachos cheios.
Outro grande sofrimento para
eles com o excesso de chuva, dizia respeito à tampa da carga do carro, pois ela
era de toldos de couro, e a chuva fazia com que eles pegassem bichos até furar.
— Difícil! — Ele novamente
suspira, como a voltar no tempo, e concluiu: — Hoje tudo é muito fácil.
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