→Da fixação do homem a terra à invenção
dos carros de boi
"●Fixação
do homem e desenvolvimento da agricultura de subsistência
Há milhares de
anos, nas sociedades primitivas, os seres humanos eram nômades. Significa dizer
que não moravam sempre no mesmo lugar, viviam em bandos e saíam em busca de
lugares que pudessem atender as suas necessidades de sobrevivência; de
preferência que fossem próximos de lagos ou rios. Habitavam o local de acordo
com a disponibilidade de alimentos que a natureza lhes oferecia; dependiam da
coleta de alimentos silvestres, da pesca e da caça. Naquela época ainda não
havia cultivos, criações domésticas, armazenamento e também não se trocavam
mercadorias entre bandos diferentes, pois eram rivais.
De tal modo, em
certos períodos tinham fartura de alimentos e em outros passavam fome. Daí
partiam em busca de um novo local para se instalarem. Para alguns deles, a busca
do alimento, em princípio era fácil, mas com o passar do tempo ficava difícil,
porque eles não sabiam replantar o que comiam, e quando os alimentos mais
próximos acabavam, eles tinham que percorrer longas distâncias. Então, eram
obrigados a se mudarem novamente.
Pela observação,
descobriram que as sementes das plantas, quando devidamente espalhadas ao solo,
germinavam, e com o passar do tempo elas cresciam e davam frutos, e que alguns
animais podiam ser domesticados.
Esse momento é
muito importante para os seres humanos, porque é o início da agropecuária e da
fixação do homem a um lugar preestabelecido por eles.
Conforme expõe
Carneiro, com a fixação do homem em locais predefinidos, ele desenvolveu a
agricultura de subsistência. O trigo e a cevada foram as primeiras plantas a
serem cultivadas. ambas surgiram na Ásia Menor, entre 6000 e 7000 a.C.
Cabe observar que
uma das grandes conquistas técnicas, ligadas ao plantio, foi a invenção e o uso
do arado, que inicialmente era puxado por humanos, e após o século V a.C.,
foram usados animais atrelados.
O arroz, cuja
origem é mais recente em torno de 2000 a.C., originário na Península da
Indochina, era uma gramínea de solo seco, e foi a ação humana que a adaptou
artificialmente, após 2000 anos de cultivo, como uma planta semiaquática.
O terceiro cereal
mais importante do mundo é o milho, plantado há cerca de 3000 a 3500 a.C., nos
planaltos mexicanos, difundo por toda Europa por volta do século XVI d.C.
graças aos espanhóis que o espalham pelo mundo. Ele se tornou parte essencial
da dieta europeia, chegando à Itália por volta de 1600, sendo consumido como
papas e mingaus.
A respeito do uso
do sal, os registros mostram que ele já era usado na Babilônia, no Egito, na
China e em civilizações pré-colombianas, em torno de 3000 a.C.
A mandioca foi a
planta mais importante das populações litorâneas da América do Sul. Mas sei que
raramente alguém pensa nela quando está saboreando os deliciosos pães de queijo
mineiros que fazem sucesso além-Minas, além-Brasil. Também acho improvável que
alguém relacione as primeiras prensas para a farinha de mandioca, sendo
apertadas pela força dos bois de canga, assim como seria exagerado pedir que se
tragam à baila memórias das grandes farinhadas, cujo produto, desde a própria
farinha até o polvilho, era puxado pelos carros de boi. É que geralmente
acontecia de as casas de farinha serem logisticamente erguidas próximas as
fontes de água corrente, para facilitar o trabalho dos farinheiros. Essa opção
geográfica facilitava o trabalho agricultável, mas era penoso para os carreiros
e seus carros de boi, que cantavam para subir longas, e muitas vezes lisas
serras, pois a época de farinhada não raro coincidia com temporada de
chuvinhas, aquelas que fazem as encostas se parecerem com peixe ensaboado.
Os carros de boi e suas parelhas merecem
ou não festividades dedicadas a eles? Eu penso que sim. Por isso mesmo também
me dediquei a ir até cada uma delas durante três anos e registrá-las, para que
o máximo possível de pessoas soubessem que as raízes do Brasil também
dependeram de rodas e de muitos pares de patas."
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