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quinta-feira
O Carreiro Alcimino carreando com o Carro de Boi Titanic - Vazante *
Esse é um ótimo vídeo para ser assistido e se preparar para a festança de 2014!
Durante o XIX Mutirão de Carro de Boi da Comunidade da Cachoeira, em
Vazante-MG, ocorrido no período de 19 a 21/06/2013. o carreiro
Alcimino, de Guimarânia-MG, amarrou sua boiada no Carro de Boi conhecido
por Titanic, carregado com mais de 60 balaios de medida de milho em
espiga, carro este de Dirceu José da Silva, Unaí-MG. O desafio de subir e
descer a Serra da Boa Vista é a parte mais marcante deste mutirão,
devido ao grau de dificuldade. O vídeo abaixo mostra este desafio.Veja
clicando na imagem.
*Informação extraída: www.carrodeboi.com.br
O CARRO DE BOI CANTOU EM IPUIÚNA - MG
Dia 13 de abril de 2014 o carro de boi cantou em Ipuiúna/MG pela 24ª vez .
O carro de boi cantou em Bom Despacho - MG
O carro de boi cantou nos dias 19 e 20 de abril de 2014 na comunidade Engenho do Ribeiro em Bom Despacho - MG.
quarta-feira
O carro de boi cantou em Santa Rita de Caldas - MG.
(Foto: Christian Minoru)
"No dia 06 de abril de 2014 aconteceu o tradicional Desfile de Carros de Boi de Santa Rita de Caldas. O evento marca a abertura das festividades em homenagem a Santa Rita, padroeira da cidade. O encontro dos carreiros teve início há cinco décadas, idealizado pelo Padre Alderigi Maria Torriani, com o objetivo de trazer lenha para as pessoas necessitadas do município. Como de costume, os carreiros foram recepcionados em um almoço especial e homenageados com uma lembrança do desfile. Também receberam a esperada bênção em frente ao Santuário de Santa Rita.O barulho charmoso das rodas dos carros de boi que percorrem as ruas da Capela anuncia que a tradição permanece viva no coração do povo santarritense."*
*Informação extraída de: http://www.prefeiturasrc.mg.gov.br
terça-feira
Da fixação do homem a terra à invenção dos carros de boi - (trecho do livro "Festas de Carros de Boi"
→Da fixação do homem a terra à invenção
dos carros de boi
"●Fixação
do homem e desenvolvimento da agricultura de subsistência
Há milhares de
anos, nas sociedades primitivas, os seres humanos eram nômades. Significa dizer
que não moravam sempre no mesmo lugar, viviam em bandos e saíam em busca de
lugares que pudessem atender as suas necessidades de sobrevivência; de
preferência que fossem próximos de lagos ou rios. Habitavam o local de acordo
com a disponibilidade de alimentos que a natureza lhes oferecia; dependiam da
coleta de alimentos silvestres, da pesca e da caça. Naquela época ainda não
havia cultivos, criações domésticas, armazenamento e também não se trocavam
mercadorias entre bandos diferentes, pois eram rivais.
De tal modo, em
certos períodos tinham fartura de alimentos e em outros passavam fome. Daí
partiam em busca de um novo local para se instalarem. Para alguns deles, a busca
do alimento, em princípio era fácil, mas com o passar do tempo ficava difícil,
porque eles não sabiam replantar o que comiam, e quando os alimentos mais
próximos acabavam, eles tinham que percorrer longas distâncias. Então, eram
obrigados a se mudarem novamente.
Pela observação,
descobriram que as sementes das plantas, quando devidamente espalhadas ao solo,
germinavam, e com o passar do tempo elas cresciam e davam frutos, e que alguns
animais podiam ser domesticados.
Esse momento é
muito importante para os seres humanos, porque é o início da agropecuária e da
fixação do homem a um lugar preestabelecido por eles.
Conforme expõe
Carneiro, com a fixação do homem em locais predefinidos, ele desenvolveu a
agricultura de subsistência. O trigo e a cevada foram as primeiras plantas a
serem cultivadas. ambas surgiram na Ásia Menor, entre 6000 e 7000 a.C.
Cabe observar que
uma das grandes conquistas técnicas, ligadas ao plantio, foi a invenção e o uso
do arado, que inicialmente era puxado por humanos, e após o século V a.C.,
foram usados animais atrelados.
O arroz, cuja
origem é mais recente em torno de 2000 a.C., originário na Península da
Indochina, era uma gramínea de solo seco, e foi a ação humana que a adaptou
artificialmente, após 2000 anos de cultivo, como uma planta semiaquática.
O terceiro cereal
mais importante do mundo é o milho, plantado há cerca de 3000 a 3500 a.C., nos
planaltos mexicanos, difundo por toda Europa por volta do século XVI d.C.
graças aos espanhóis que o espalham pelo mundo. Ele se tornou parte essencial
da dieta europeia, chegando à Itália por volta de 1600, sendo consumido como
papas e mingaus.
A respeito do uso
do sal, os registros mostram que ele já era usado na Babilônia, no Egito, na
China e em civilizações pré-colombianas, em torno de 3000 a.C.
A mandioca foi a
planta mais importante das populações litorâneas da América do Sul. Mas sei que
raramente alguém pensa nela quando está saboreando os deliciosos pães de queijo
mineiros que fazem sucesso além-Minas, além-Brasil. Também acho improvável que
alguém relacione as primeiras prensas para a farinha de mandioca, sendo
apertadas pela força dos bois de canga, assim como seria exagerado pedir que se
tragam à baila memórias das grandes farinhadas, cujo produto, desde a própria
farinha até o polvilho, era puxado pelos carros de boi. É que geralmente
acontecia de as casas de farinha serem logisticamente erguidas próximas as
fontes de água corrente, para facilitar o trabalho dos farinheiros. Essa opção
geográfica facilitava o trabalho agricultável, mas era penoso para os carreiros
e seus carros de boi, que cantavam para subir longas, e muitas vezes lisas
serras, pois a época de farinhada não raro coincidia com temporada de
chuvinhas, aquelas que fazem as encostas se parecerem com peixe ensaboado.
Os carros de boi e suas parelhas merecem
ou não festividades dedicadas a eles? Eu penso que sim. Por isso mesmo também
me dediquei a ir até cada uma delas durante três anos e registrá-las, para que
o máximo possível de pessoas soubessem que as raízes do Brasil também
dependeram de rodas e de muitos pares de patas."
quarta-feira
O bicho pegador de gente - causo que consta no livro "Festas de carros de boi"
►O bicho pegador de gente
O Tião Corrêa contou que, antes do nascimento dele, o pai dele teve de fazer uma viagem de carro de boi até Patrocínio, para buscar uma carga, junto com outro carreiro e o candeeiro Caetano. Naquela época, antes de 1940, não havia automóveis na região de Vazante. Ao chegarem próximo à rodovia de Patrocínio, avistaram um carro antigo que eles chamavam de baratinha, foi quando o Caetano viu aquele negócio estranho, com dois homens dentro, fazendo um barulho esquisito, se aproximando. Então, o menino largou a guia e saiu correndo pelo serrado afora. Correu, correu, retornou e pulou dentro do carro de boi. Ficou encolhido abraçando o cabeçalho. O carreiro tentou acalmá-lo dizendo: “Larga de ser bobo, isso é apenas um carro à gasolina”. Caetano respondeu: “Não senhor, não senhor é um bicho, e ele já pegou dois!” Com muita dificuldade conseguiram tirar o Caetano de lá e seguiram viagem. Ao chegarem a Patrocínio, não demorou muito para ouvirem o apito do trem de ferro (maria fumaça) que estava chegando à cidade. Mas quando Caetano viu o tamanho do bicho, com aquele barulho quase que ensurdecedor, novamente ele se desesperou, saiu correndo e entrou na primeira casa que estava com a porta aberta e se escondeu debaixo da cama. Enquanto ele entrava correndo para dentro da casa, os moradores se assustaram e saíram correndo para fora, com medo, sem saber o que estava acontecendo. O carreiro Joaquim Machado pediu licença aos moradores para entrar na casa deles e tirar o Caetano de lá. Quando ele pegou no pé do Caetano e puxou, o menino gritou: “Não me leva não! Tô com medo, tô com medo! O bicho tava falando ticomu, ticomu, ticomu, ticomu!”
Esse é um dos muitos causos que consta do livro "Festas de carros de boi". Não perca tempo adquira o seu!FESTAS DE CARROS DE BOI - nota do autor
Nota
do autor que consta no livro "Festas de carros de boi"
Se olhar a minha árvore genealógica se
poderá comprovar que meus antepassados, de várias gerações, são do mundo rural
e carreiros.
Por ter vivido a minha infância e
juventude na roça e amar a cultura do sertanejo, participo das Festas de Carros
de Boi de Vazante – MG (a tradicional) desde 1994. Nunca perdi uma; de alguns anos para cá passei a estudá-las.
Houve edições que acompanhei todo o
percurso a cavalo, porém, por morar fora de Minas Gerais nos últimos anos, indo
lá só em ocasiões específicas, em algumas das edições preferi seguir de carro
para os pousos dos carreiros. Acampava junto a eles, e no próximo dia, mudava
para o outro pouso, e assim sucessivamente, até o último dia de festa.
Há três anos resolvi registrar as
pesquisas em um livro e iniciei a busca de material sobre o assunto. Para meu
espanto, no livro que ora escrevo o carro de boi iria precisar, não apenas do
registro das festividades acerca dele, mas igualmente de que fosse narrada sua
importância histórica para o Brasil e para o mundo, porque afora o livro “O
Ciclo do Carro de Bois” no Brasil, de Bernardino José de Souza, (1884-1949),
edição póstuma, quase nada mais existe de científico a respeito do assunto.
Na pesquisa de
campo, durante os três anos que me dediquei ao estudo, entrevistei vários
carreiros, candeeiros; gravei diálogos com eles e com participantes das festas
e entusiastas do tema. Esses depoimentos estão organizados nas
páginas finais deste livro.
O intento de registrar
a tradição dos carros de boi é, primeiro
para relembrar à sociedade do valor que eles tiveram e ainda têm; tentar salvar
do esquecimento essa tradição que foi vital à sobrevivência de tantas
comunidades pelo país afora, e preencher a absoluta inexistência de conteúdo científico
sobre os carros de boi.
Naqueles diálogos
estabelecidos entre mim e os carreiros e candeeiros, além dos vários adeptos do
assunto, pude comprovar quão apaixonados eles são pela cultura, labuta diária
nos dias de festa; pela amizade e camaradagem entre eles e os demais
participantes.
A paixão deles é nítida
naqueles dias que antecedem as festas, mas também permanece quando elas
terminam e eles devem voltar para suas casas. A paixão está contida no ritual
de cada festividade, está contida no retorno para casa, porque voltam possuídos
de uma expressão de êxito. Eu não exagero se digo que voltam cantando. Alguns
desses carreiros levam longos dias de viagem para retornarem às suas casas.
Então, estou
falando de uma comemoração que exige muito, fisicamente, de cada participante.
É claro que exige mais das parelhas de bois, mas elas são selecionadas,
treinadas e naturalmente mais fortes do que os homens. Daí que é-nos necessário
molhar a garganta para tirar a poeira, ou para esterilizá-la da lama. Para
tanto, usamos algumas doses da cachacinha mineira. Depois, temos de alimentar o
corpo, que consome muita energia nas festividades. Por isso, é graças ao
trabalho distanciado da editora, que não se sente exalar das páginas deste
livro um suave cheiro de cachaça mineira, ou o delicioso aroma das comidas
típicas, pois nessas festividades não podem faltar boa cachaça e comida
mineira.
Em junho de 2010 fixei minha primeira barraca em torno das
festividades, de posse de meu binóculo de pretenso Antropólogo, Jornalista,
Historiador... mas sou Filósofo! Enfim, procurei mencionar todas as
festividades que utilizam carros de boi na região de Vazante,
tendo em vista que a maioria dos carreiros participa de mais de uma delas, e
seria injusto retratar apenas uma ou outra festividade.
Geralmente as festividades acontecem
no mês de julho, época em que se colhem as lavouras de milho, principal produto
transportado pelos carreiros em dias de festa. Também é a época mais fria e
empoeirada do ano, fatores esses que dão um ar mais rudimentar a festança.
Muitos não participam da festa devido à junção dessas duas adversidades. Porém,
no meu ponto de vista essas adversidades caem como luva. Aquele cenário fica
mais agreste, dá um tom mais especial e faz com que os participantes vivenciem
o que é realmente uma festa de carros de boi.
Essas duas festas são itinerantes. Quando
resolvi partir para a pesquisa de campo com gravador e câmera fotográfica, fui
conversando com muitas pessoas, priorizando as mais idosas, supondo que
estivessem há mais tempo no ofício de carrear. Eu queria conhecer detalhes
sobre a dura vida dos carreiros no passado.
Fui a várias fazendas na região de
Vazante e circunvizinhanças. Gravava e fotografava tudo. Durante todos os dias
da Festa de Carros de Boi da Comunidade Cachoeira e da Festa de Carros de Boi
de Vazante (a tradicional/2011), fiquei em pontos estratégicos para ir
conversando com os candeeiros, carreiros e visitantes, além de tirar fotos.
Sempre os acompanhava, e quando conversava sobre algo mais relevante, eu gravava.
Primeiro
dia: na roça de milho, enquanto enchiam os carros de boi com as espigas de milho,
ou com as sacas de milhos debulhadas, após deixarem os carros preparados para o
dia seguinte, eles montam os toldos junto aos carros de boi, ou suas barracas.
Alguns dormem debaixo dos carros, preparam as suas refeições do lado do carro
de boi, tomam suas cachaças, cervejas e contam os causos. Muitos deles
afirmavam que só dariam a entrevista depois que eu tomasse uma dose de cachaça,
ou outra bebida com eles, e comesse um tira gosto (carne de porco na banha,
rapadura, farofa, carne, paçoca de carne ou pedaço de rapadura). Em geral, é
algo especial, que eles preparam para os dias de festa, então é uma descortesia
não aceitar o que oferecem, e burrice também, porque cheira muito bem e é
delicioso! Impossível recusar. Ser educado também facilita a entrevista.
Após algumas entrevistas, seguindo
esse ritual, reconheço que ficava um pouco alegre, pois bebia de tudo um pouco.
Todos os dias têm forró em meio aos
pousos, e outras atividades que podem ser cantorias próximas aos carros de boi,
regadas a muita bebida e prosas descontraídas. Mesmo as noites muito frias não
desanimam os participantes. É que todos estão ali com um propósito maior:
carrear. Passatempos ou intempéries, tudo faz parte da lida do carreiro e ele
deve gozar ou superar com sua tradicional força.
Segundo
dia: pela manhã, acontece o desjejum, em seguida
a missa, posteriormente partem para um novo local a vários quilômetros dali.
Durante o trajeto, passam por um riacho, outro ponto que é parte da trilha
mapeada pelos organizadores. São muitas as pessoas que vão bem cedo para a
beira do rio assar carne, beber e esperar para verem os carros passarem dentro
do riacho. Muitos só saem de lá no final do dia e partem para o segundo pouso,
onde tudo se repete: forró, cantoria, comidas típicas etc.
Terceiro
dia: é o ponto que exige mais dos carreiros, pois
saem bem cedo para subirem a Serra da Boa Vista (em torno de sete quilômetros).
Por volta das 7 horas da manhã, na Serra, enquanto os carreiros subiam, eu
fazia o percurso inverso, para conversar com eles e fotografá-los. Eu tinha me
adiantado, justamente para descer quando eles estivessem subindo. É um
espetáculo inesquecível! Subi e desci os sete quilômetros a pé, com um sol
escaldante. Chapéu na cabeça, botina nos pés, esses aparatos protegem bem pouco
o homem moderno, que se desabituou às durezas do campo. Engoli muita poeira (em
alguns locais, após dezenas de carros de
boi passarem o chão afunda alguns centímetros), suei bicas, atolei até ao
meio da perna. Era quase divertido, se não fosse pelo fato de, ao final do dia,
eu estar moído. Mas, antes de o fim do dia chegar, ali pelo meio-dia, eu estava
ainda refazendo o percurso de volta para o cume da serra, onde milhares de
pessoas ficavam dançando, assistindo os carros subirem e onde são
disponibilizadas comidas típicas, biscoitos feitos em fornos à lenha e mais
umas doses de cachacinha, pra animar. Nessa hora, já muito cansado, eu
continuava colhendo informações para o livro, enquanto via um carreiro que
fosse, de pé.
Por volta das 18 horas saía do alto da
serra, desci a serra para o pouso, debaixo de várias mangueiras, onde tudo se
repetia: forró, cantoria, comidas típicas etc.
Quarto dia: é o último dia de festa, os carreiros fazem um percurso bem maior para chegarem ao local onde serão recepcionados. No último dia o número de participantes aumenta drasticamente, são milhares deles. Novamente, o forró, cantorias de vários artistas, comidas típicas e outras apresentações.
Todos os dias, por ter que andar
muito, ficar o dia todo debaixo de sol e andando a pé, à noite quase não
conseguia desfrutar das festividades. O cansaço era tanto, que eu já ia dormir,
para no dia seguinte prosseguir com o trabalho documental. Mantive essa rotina
de pesquisa nas festas, além de ir várias vezes às fazendas, para conversar com
os carreiros. Fiz inúmeras gravações, além de tirar muitas fotos. Quando fui
organizar o material para transcrição, vi que havia perdido grande parte das
gravações. O gravador fora danificado pela poeira e suor, ao tentar baixar os
arquivos, a maioria do trabalho estava perdido. Aquelas pessoas que eu sabia
onde encontrar fui logo tentar entrevistar novamente, porém, outras, tive que
aguardar para o próximo ano, 2012.
Em 2012 fiz tudo novamente.
Entretanto, vários daqueles entrevistados no ano anterior (inclusive pessoas de
outros países), não quiseram dar novas entrevistas. Alguns alegaram até coisa
do tipo: “Não estou tão inspirado como da outra vez”.
Se me perguntarem se é cansativo,
responderei que sim, bastante; se é algo diferente? Com certeza é, pois retrata
uma cultura que quase foi extinta, é original, singular e devido a isso, está
se alastrando pelo país afora.
Durante as festividades, o original é
viver a vida do caipira, independente do status
social que cada um tenha fora de lá; quando se está carreando, não existem
diferenças entre ser doutor, latifundiário, empresário etc., o que importa é
conseguir fazer todo o trajeto e curtir a festa com os amigos.
Durante as festividades, encontramos
pessoas simples, que realmente trabalham na roça para tirarem o sustento, mas
também encontramos quem participe das festividades apenas por amor ao tipo de
cultura, geralmente tendo alguma ligação com os locais, ou porque souberam que
ali se festeja a importância dos carros de boi.
CARROS DE BOI OU CARRO DE BOIS?
Nota
de revisão que consta no livro (Festas de carros de boi) de minha autoria:
O ICEIB ‒ Instituto
Cultural de Escritores Independentes do Brasil, da qual é integrante o autor deste livro Rogério Corrêa, respeita
a licença poética, e em vista do cerne daquilo que a compõe, a Literatura,
sempre apoiará o uso de todas as variantes linguísticas nacionais, conforme
seja o desejo manifestado pelo escritor de assim as expor em sua produção
literária.
Desde
o advento da Linguística no Brasil, como disciplina ensinada nas academias e
mais recentemente em algumas escolas de ensino fundamental e médio, tornou-se
comum procurar esclarecer às pessoas, acerca das enormidade de variantes
linguísticas (falas regionais) existentes no Brasil e o respeito que se deve
ter por elas, pois o essencial de uma língua é estabelecer comunicação. Uma vez
que a comunicação se estabeleceu, os conceitos de “certo” e “errado” devem se
sujeitar aos cuidados do bom senso, para evitar preconceitos linguísticos que
culminem em preconceitos sociais.
Variantes
linguísticas devem ser entendidas como componentes da nossa cultura e
respeitadas dentro da fala. Todavia, não se pode admitir que o respeito à fala
se sobreponha ao uso da Norma Padrão, especialmente em textos. A padronização
da escrita evita muitas confusões de interpretação na leitura e uma “torre de babel”
na Língua Portuguesa.
Neste
livro trazemos como título um substantivo
composto por justaposição carro de
boi, escritos por aí de várias
maneiras, principalmente com o boi no plural. Além disso, alguns estudiosos até
defendem nomenclatura diferente para o termo. Tratar-se-ia de uma locução substantiva ‒ salve a
controvérsia! E então vamos a mais uma: o
formulário ortográfico de 1943 permitia que se grafasse com ou sem hífen aquela
composição, mas o acordo de 1990 aboliu a divergência, fixando a grafia, sem o
hífen.
Quanto
ao substantivo composto carro de boi fazer o plural no segundo
elemento, após a preposição, a regra diz: substantivos
compostos, quando se trata de dois substantivos ligados por uma preposição
clara, apenas o primeiro elemento vai para o plural.
Sobre
isso, alguns dicionários definem:
Português
Substantivo
Carro-de-boi [sic] masculino (plural: carros-de-boi[sic])
1.
transporte
rudimentar de madeira, com duas rodas, que se move sendo puxado por bois (Nossa Língua Portuguesa sd.).
O
“Dicionário Aurélio” traz: “Substantivo masculino. Carro de boi. 1. Carro (1)
movimentado ou puxado, em geral, por uma ou mais parelhas de bois, e guiado por
carreiro.”
No
site “Só Português”, e em qualquer
boa Gramática da Língua portuguesa, é possível conferir a regra dos substantivos compostos. Em 2003 a Editora
Itatiaia publicou o livro “Ciclo do Carro de Bois no Brasil”. O título usando a
variante “carro de bois” deve ter
sido licença poética ao autor Bernardino José de Souza.
Rogério
Corrêa questionou, pleiteou o uso de qualquer uma das diversas variantes que
encontrou, enquanto pesquisava para compor este livro. Mas, no fim das contas, deixou
a critério desta revisora aplicar ou não a Norma Padrão. Apliquei-a.
Maria das D. D. de Sá de Amorim
26 de junho 2013.
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