quinta-feira

Texto do livro Histórias de Carreiros, de Rogério Corrêa


Texto do livro Histórias de Carreiros:

→Técnicas utilizadas para amansar bois carreiros

Há várias técnicas para amansar bois carreiros. Cada carreiro ou candeeiro possui as
suas, embora algumas delas sejam mais eficientes que outras.
De modo geral, o amansador deve dedicar algum tempo a esse trabalho, ser paciente e inicialmente não deve fazer movimentos bruscos; falar baixinho, repetir o nome do animal com certa frequência, ou seja, deve possuir habilidades e destrezas exigidas na doma. Desaconselham-se colocar uma boiada brava no carro de boi e sair carreando no mesmo instante. É preciso passar por um processo de amansamento, habituar o animal a andar em parelha, à aceitação da canga, a saber usar a força em conjunto com os outros bois, a aceitar, reconhecer e obedecer aos comandos, saber realizar manobras, dentre outras habilidades esperada de uma boiada mansa e treinada.
Durante todo o processo de doma devem-se ter alguns cuidados para que não ocorram acidentes, sejam com os próprios bois, condutores ou terceiros. Não há uma idade específica para o boi ser treinado, mas quando são novilhos (garrotes) eles são mais dóceis, aceitam melhor a doma. Na maioria dos casos, eles escolhem-se juntas bem parecidas, mesma raça, tamanho, formato do corpo e coloração das pelagens semelhantes.
Alguns iniciam a doma amarrando cordas em volta do pescoço do bezerro ou novilho para ele se acostumar. Depois que se habitua, ajouja-se este a outro animal, e ensina-os a se locomoverem na mesma marcha, parelha. Posteriormente, alguns colocam as cangas e começam o arrastamento de pequenos troncos. Com o tempo, vai-se aumentando a carga, até se acostumarem a fazer força.
A partir dessa etapa, alguns estão aptos a serem colocados no carro de boi. Contudo, alguns carreiros advertem que o ideal é colocar na junta de coice e na de guia bois experientes; os novatos devem ser colocados nas juntas do meio, até que eles peguem mais experiências. Assim, posteriormente pode-se trocar as posições entre eles, para que aprendam a trabalhar nas funções desejadas, comutando, seja como bois de coice, do meio ou de guia.
Existem outros processos de amansamento, artifícios usados por muitos carreiros, como: novilho atrelado ao jungo giratório; novilho atrelado ao tornilho; novilho atrelado ao mourão.
Esses processos são semelhantes, pois em todos eles possuem um esteio grosso fincado firmemente no chão, com uma peça transversal na qual o boi é atrelado. O boi não tem como se locomover em linha reta, ele apenas fica circulando ao redor do esteio.
Há também o processo de atrelamento por uma peça de ferro, ou por um pequeno cambão com meadas nas pontas, para torcer a corda. Ali, se atrelam dois garrotes e os deixam soltos nas proximidades onde o carreiro esteja, até se acostumarem um com o outro, para depois passarem a outras fases.
Outra forma, é utilizando uma canga velha, mas esse método é em apenas um dos lados e em apenas um novilho. A canga é arrastada pelo novilho até que ele se acostume com o seu formato e peso.
Não se pode esquecer que mesmo que os bois sejam treinados, eles podem adquirir alguns hábitos que para muitos carreiros são defeitos, como: bois que jogam a canga ou negam a canga. Isso dificulta o trabalho do carreiro. Boi que dá coice no cambão, esses podem machucar o carreiro ou terceiros; aqueles bois que deitam e não se levantam, são chamados de boi que amua; boi escorão são aqueles que não fazem força; bois que negam guias são aqueles que bambeiam no momento de carrear; bois agressivos são perigosos e podem machucar pessoas ou animais etc.
Alguns carreiros mencionam que a doma de bois carreiros não é uma tarefa fácil. Nela se coloca a prova os conhecimentos e a desenvoltura do carreiro. Ultimamente, muitos deles não possuem as habilidades ou tempo necessário para esse fim. Tem carreiro preferindo contratar outro carreiro experiente para realizar a atividade que requer, principalmente, paciência, tempo, zelo e carinho com os animais.

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