Texto do livro Histórias de Carreiros:
→Técnicas
utilizadas para amansar bois carreiros
Há várias técnicas
para amansar bois carreiros. Cada carreiro ou candeeiro possui as
suas, embora
algumas delas sejam mais eficientes que outras.
De modo geral, o
amansador deve dedicar algum tempo a esse trabalho, ser paciente e inicialmente
não deve fazer movimentos bruscos; falar baixinho, repetir o nome do animal com
certa frequência, ou seja, deve possuir habilidades e destrezas exigidas na
doma. Desaconselham-se colocar uma boiada brava no carro de boi e sair carreando no mesmo instante. É preciso passar
por um processo de amansamento, habituar o animal a andar em parelha, à
aceitação da canga, a saber usar a força em conjunto com os outros bois, a
aceitar, reconhecer e obedecer aos comandos, saber realizar manobras, dentre
outras habilidades esperada de uma boiada mansa e treinada.
Durante todo o
processo de doma devem-se ter alguns cuidados para que não ocorram acidentes,
sejam com os próprios bois, condutores ou terceiros. Não há uma idade
específica para o boi ser treinado, mas quando são novilhos (garrotes) eles são
mais dóceis, aceitam melhor a doma. Na maioria dos casos, eles escolhem-se
juntas bem parecidas, mesma raça, tamanho, formato do corpo e coloração das
pelagens semelhantes.
Alguns iniciam a doma
amarrando cordas em volta do pescoço do bezerro ou novilho para ele se
acostumar. Depois que se habitua, ajouja-se este a outro animal, e ensina-os a
se locomoverem na mesma marcha, parelha. Posteriormente, alguns colocam as
cangas e começam o arrastamento de pequenos troncos. Com o tempo, vai-se
aumentando a carga, até se acostumarem a fazer força.
A partir dessa etapa,
alguns estão aptos a serem colocados no carro
de boi. Contudo, alguns carreiros advertem que o ideal é colocar na junta
de coice e na de guia bois experientes; os novatos devem ser colocados nas
juntas do meio, até que eles peguem mais experiências. Assim, posteriormente
pode-se trocar as posições entre eles, para que aprendam a trabalhar nas
funções desejadas, comutando, seja como bois de coice, do meio ou de guia.
Existem outros
processos de amansamento, artifícios usados por muitos carreiros, como: novilho
atrelado ao jungo giratório; novilho atrelado ao tornilho; novilho atrelado ao
mourão.
Esses processos são
semelhantes, pois em todos eles possuem um esteio grosso fincado firmemente no
chão, com uma peça transversal na qual o boi é atrelado. O boi não tem como se
locomover em linha reta, ele apenas fica circulando ao redor do esteio.
Há também o processo
de atrelamento por uma peça de ferro, ou por um pequeno cambão com meadas nas
pontas, para torcer a corda. Ali, se atrelam dois garrotes e os deixam soltos
nas proximidades onde o carreiro esteja, até se acostumarem um com o outro,
para depois passarem a outras fases.
Outra forma, é
utilizando uma canga velha, mas esse método é em apenas um dos lados e em
apenas um novilho. A canga é arrastada pelo novilho até que ele se acostume com
o seu formato e peso.
Não se pode esquecer
que mesmo que os bois sejam treinados, eles podem adquirir alguns hábitos que
para muitos carreiros são defeitos, como: bois que jogam a canga ou negam a
canga. Isso dificulta o trabalho do carreiro. Boi que dá coice no cambão, esses
podem machucar o carreiro ou terceiros; aqueles bois que deitam e não se
levantam, são chamados de boi que amua; boi escorão são aqueles que não fazem
força; bois que negam guias são aqueles que bambeiam no momento de carrear;
bois agressivos são perigosos e podem machucar pessoas ou animais etc.
Alguns carreiros
mencionam que a doma de bois carreiros não é uma tarefa fácil. Nela se coloca a
prova os conhecimentos e a desenvoltura do carreiro. Ultimamente, muitos deles
não possuem as habilidades ou tempo necessário para esse fim. Tem carreiro preferindo
contratar outro carreiro experiente para realizar a atividade que requer,
principalmente, paciência, tempo, zelo e carinho com os animais.
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