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terça-feira

Prefácio do livro Histórias do além (assombrações, experiências sobrenaturais, visagens, tesouros,...)

Prefácio:


UMA LEITURA ASSOMBRADA E DIVERTIDA
Assim que comecei a ler o livro de Rogério Corrêa, Histórias do Além (assombrações, visagens, experiências sobrenaturais, tesouros, ...), imediatamente me veio à lembrança Dona Cenira, uma vizinha nossa, de minha infância em Palmares─Pernambuco, que à noite, sentada numa cadeira na calçada, costumava nos
contar "Histórias de Trancoso"— era assim que se denominavam os "causos" do além naquele tempo.
Para nós outros, os meninos vadios e andejos que ficávamos sentados no meio-fio, coladas uns aos outros, tremendo muito — não de frio, pois o calor era imenso na Mata Sul pernambucana, mas tremendo de medo —, foram momentos de intensa magia, que ficaram em nossas lembranças para sempre.
Lembrei-me também de Seu Amaro, um viúvo surdo que conversava com sua falecida esposa todos as noites, falando alto, aos gritos, num diálogo que era escutado pelos vizinhos. Nós morávamos em frente à casa dele.
— Tá cum saudades de Amaro? — perguntava ele em voz alta, trancado na sala, com as luzes apagadas.
E ele mesmo respondia de imediato, com um grito triunfante:
— Tô!!! 
Na verdade, os vizinhos só ouviam a voz de Seu Amaro, mas eu ouvia a resposta da morta como se fosse mesmo ela confirmando a pergunta do marido.
Os títulos das crônicas deste livro de Rogério Corrêa casam-se admiravelmente com o fantástico contido no título deste livro que é Histórias do Além, e cito alguns deles: Almas Perdidas, Ponte das Almas Perdidas, A Visão de uma Falecida, Baile das Almas, O Defunto que Saiu do Caixão. E por aí vai. O subtítulo é um resumo da intrigante leitura em que o leitor irá mergulhar: Assombrações, Experiências Sobrenaturais, visagens, tesouros...
Em Palmares, quem passava pela rua do cemitério após a meia-noite, ouvia perfeitamente a voz de um defunto pedindo reza. A história do ente fantástico Pé-de-Espeto e os relatos dos pescadores que viam almas quando jogavam suas tarrafas nas águas do Rio Una eram partes integrantes do imaginário das crianças daquela terra. 
De modo que a leitura de Histórias do além foi para mim uma volta prazerosa ao irrealismo assombroso de minha infância. Um irrealismo tão real que permaneceu para sempre em minha cabeça, me dando sustos até os dias de hoje.
Na crônica "O Dia da Própria Morte", Rogério narra o incrível telefonema de um pai para sua filha, avisando-a de que viesse visitá-lo a tempo, pois ele iria morrer "na próxima quarta-feira". E o pai não estava caduco e aparentava gozar de boa saúde!...
Misturando assombração com hilaridade temos uma crônica com o título de "Região conhecida como Caga-Fogo". Não pude deixar de rir lembrando-me do besouro caga-fogo, abundante na paisagem dos meus tempos de criança.
O livro, revela o autor, é fruto de pesquisas feitas durante alguns anos, além de entrevistas com várias pessoas, sobretudo do interior de Minas Gerais e Goiás. Ou seja, tudo passa na verdade!
"Dicoque" (presumo que a palavra seja derivada da expressão "de cócoras") é, certamente o sapo cururu nordestino. Na crônica "Guardião da botija de ouro", revejo uma das palavras mágicas que povoaram a minha infância, a "botija", símbolo de fartura e de riqueza.
Quem encontrava uma, era assim como quem acerta hoje um gordo prêmio da loteria. Lembro-me de muitas histórias dos caçadores de tesouros que almejavam encontrar fortunas cavando as margens lamacentas do Rio Una para encontrar uma botija.
A crônica que fecha o livro, intitulada "O que é do homem o bicho não come", envolve a natureza viva, homens e animais, e a natureza bruta, pedras preciosas, numa simbiose perfeita para encerrar com chave de ouro esta coletânea de maravilhas! Uma leitura que é, a um só tempo, assombrosa e divertida. São cinco capítulos de encantamentos, fantasmagorias e mágicos momentos.
Recomendo com muito entusiasmo.
Sucesso aos dois: à obra e ao seu autor!

Luiz Berto Filho é escritor pernambucano
Editor do Jornal da Besta Fubana
www.luizberto.com

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sexta-feira

Guardião da botija de ouro


Trecho do livro Histórias do além, de Rogério Corrêa:

Guardião da botija de ouro

No interior do município de São Borja ― RS, Gerson narrou que um tio avô, descendente de alemães, adquiriu há muito tempo uma fazenda antiga e se mudou para ela.
Tinha uma casa grande de assoalho de madeira, casa de queijo, paiol, chiqueiro, curral, barracão, mangueira e uma casa de tijolo de adobe[1] já bastante desgastada pelo tempo.
Um primo dele, depois de trabalhar muito na parte da manhã, foi almoçar. Tirou o arreio do cavalo e o soltou no barracão para se alimentar e tomar água. Por estar bem quente, depois de almoçar resolveu tirar uma soneca debaixo de uma árvore que fica do lado da casa de adobe.
Jogou um poncho no chão e tirou uma soneca. Ao  acordar, viu um índio com uma faca na mão em cima do esteio da casa, e, de imediato saltou na direção dele. A única reação que teve foi dar um grito bem alto. Num piscar de olhos o índio desapareceu. O pai, mãe e irmãos dele foram ver o porquê dos gritos. Ele contou o que aconteceu e eles falaram que era coisa da cabeça dele.
No outro ano resolveram fazer um galinheiro, aproveitando um dos cantos daquela casa de adobe. Ao furarem do lado do esteio para colocarem uma estaca acertaram uma pequena botija. Ao desenterrarem, perceberam que tinha ouro dentro.  Gerson assegura que não tinha muito ouro, mais deu um bom dinheiro.
Com a descoberta da botija de ouro, seu primo começou a pensar naquela visão tida no ano anterior  e que o deixara apavorado. Talvez fosse, na verdade, o guardião da botija. Concluiu isso por já ter ouvido falar que em alguns casos o dono da botija, ou alguém que perdeu a vida por causa dela, se torna guardião.



[1] Tijolo de adobe: são tijolos feitos de barro, água e esterco de gado.

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domingo

Casebre mal-assombrado. Trecho do livro Histórias do Além, de Rogério Corrêa

Trecho do livro Histórias do além, de Rogério Corrêa:

Casebre mal-assombrado:
  

Na sede velha de uma fazenda em Minas Gerais já aconteceram muitas coisas estranhas.
O finado Jair contou que testemunhou um dia em que algumas pessoas espíritas desenterraram um pequeno tesouro perto do velho casebre.
Aconteceram muitas coisas estranhas naquela noite, viram dicoques[1] do tamanho de uma bacia, um gato preto dos olhos vermelhos e do rabo muito grosso, além do aparecimento de marimbondos.
Zé Raimundo contou que morava na tal casa de fazenda do senhor José, seu compadre, e presenciou um casal de baianos que morava em Belo Horizonte e havia sido contratado para tirar as coisas esquisitas dali, falharem. Assim como outros, como se verá adiante. No caso dos baianos, um bicho prendeu as pernas do homem atrás da cabeça dele, e a coisa foi feia. Somente com muito sacrifício foi que as pernas do homem voltaram para o lugar.
Em outra ocasião chamaram uma mulher para “fazer o trabalho” de tentar retirar as assombrações do lugar. A mulher começou a falar coisas incompreensíveis, e andar com as mãos em lugar dos pés. Às vezes, andava apenas em uma das mãos dentro da casa. Foi um peteco só.

Já era bem tarde da noite, e o Zé Raimundo e a esposa dele não queriam dormir no local, então resolveram ir para Vazante.
No entanto, as pessoas contratadas pediram para ninguém ir enquanto não concluíssem todo o trabalho, caso contrário poderia acontecer alguma coisa no caminho.
As recomendações foram atendidas, aguardaram dentro do carro. Quando era de madrugada, acordaram e avistaram um homem estranho passando próximo ao carro e desaparecer em seguida. Isso não o impressionou, pois podia ser uma pessoa qualquer passando por ali naquele horário. Porém, criou coragem de ir embora para a cidade, mesmo correndo o perigo de o bicho jogar eles dentro de uma ponte ou coisa parecida.
Não aconteceu nada e também não resolveram o problema.
Novamente trouxeram ajuda com outra pessoa do ramo, outra mulher. Ela chegou na fazenda por volta de meio-dia. Pouco tempo depois ela disse que a coisa estava debaixo de um pé  de manga. Mal falou isso e levou uma queda bruta que a virou de pés pra cima, ela se esborrachou no chão.
Ao se levantar, a mulher estava com uma voz estranha e falando coisas esquisitas, braba como uma onça raivosa, falando que iria pegar um da família. Nessa hora o homem que acompanhava a mulher pediu para ajudá-lo a segurá-la. A mulher passou a mão em um trancelim de ouro e o trancelim se despedaçou em muitos pedaços.
Continuava espumando a boca e falando coisas do outro mundo, coisas que ninguém entendia. O marido da mulher pediu ajuda. Ele era mais jovem, naquela época, tinha muita força. Foi em direção à mulher e deu uma cacetada nas costas dela, com as próprias mãos.  Ele pensou que ela iria cair de bruços devido à forte pancada, só que a coisa deu uma cambalhota e caiu de costas, e continuou falando coisas estranhas.
Novamente o marido da mulher pediu ajuda, no sentido de irem buscar outro cidadão também dedicado ao mundo espiritual para ajudá-los a resolver o caso.
Zé Raimundo não quis saber de ir buscar o outro homem na cidade, entregou as chaves para ele e pediu que entregassem o carro no outro dia.
Pensou que não receberia o carro inteiro. No outro dia entregaram o carro do mesmo jeito que antes e foi informado que não deram conta de resolver o caso.
Se antes não tinha medo, a partir daí começou a ficar com muito receio da coisa. Por respeito ao proprietário da fazenda, apesar dos bons motivos para se mudar de lá, sempre era convencido a não o fazer, porque se se mudasse, nenhuma outra pessoa moraria lá.
Passados alguns dias, acordou durante a noite e sentiu um grande arruaço e ouviu uma voz grossa dentro do quarto escuro. Ele perguntou:
― Quem está aí? O que você quer?
E a coisa respondeu:
― A partir de agora, é eu, ocê ou um túmulo.
Naquela hora ele falou para a coisa que não queria nada de túmulo ou de coisa nenhuma, só queria sair dali.
Chamou a esposa, mas, ela não acordava de jeito nenhum. Depois de muita insistência, conseguiu despertá-la. Contou o que tinha acontecido e informou que iam para a cidade naquela hora (pouco mais de meia-noite). Era só o tempo de vestirem as roupas e pegar uma lamparina[2] para levar até o carro.
Zé Raimundo ficou com tanto medo que chegou a pensar que a coisa iria pegar eles no caminho e cortar o farol do carro. Por isso, tinha de levar uma lamparina.
Entrou no seu fusca e seguiu viagem muito preocupado e ainda assombrado. No caminho não aconteceu nada, porém, quando entrou na cidade, perto onde é o atual Fórum de Justiça, virou para à direita, na rua que atualmente fica a Delegacia de Polícia Civil. A coisa deu uma chicotada no carro, na parte traseira, fez um barulhão, parecia um tiro, de tão alto. Olhou pelo retrovisor e, dos lados, não viu nada. Perdeu a coragem de parar na delegacia e acelerou. Ao chegar na fazenda de seu patrão, não quis acordá-lo. Dormiram na casa próxima, onde a sua mãe morava.
Quando o dia amanheceu, o senhor José avistou o carro, e então foi cumprimentar seu compadre.
― Bom dia, compadre.
― Bom dia.
― O que aconteceu para estar aqui tão cedo? ― Ele perguntou.
Zé Raimundo contou tudo ao patrão, o compadre senhor José, e informou que não voltaria mais àquela casa.
Nessa hora o senhor José colocou as mãos na cabeça e suplicou:
― Meu compadre, pelo amor de Deus, não deixa a casa, porque se o senhor sair de lá, outra pessoa não permanecerá na casa.
― Compadre, dessa vez não tem volta, está decidido, não durmo lá nunca mais.
― Não tem volta mesmo?
― Não, compadre, eu lamento.
Zé Virgílio ficou calado por algum tempo, depois falou:
― O senhor vai ter que voltar lá agora para tirar o leite e levar sal para o gado.
Senhor José era muito sistemático, e por eles darem muito certo, resolveu fazer o solicitado. Quando já estava perto da fazenda, em uma reta, uns cento e poucos metros da casa, a coisa ruim pegou um dos lados do carro e levantou para o alto, se levantasse mais um pouco ele virava. Ficou com tanto medo que só lembrou de pedir proteção à Nossa Senhora, e, então, o cramulhão soltou o fusca e deu aquele solavanco que quase o despedaçou.
Zé Raimundo conta que olhou para os lados e não viu nada. Naquele momento ele se tremia todo, e o medo era demais. A parte da estrada em que ele estava era um lugar tão reto, e sem mais nem menos o trem fez aquilo com o carro!
Terminou de chegar na casa, porém, não entrou dentro dela. Zé Raimundo estava meio desorientado, parecia um tanto ruim da cabeça. Mesmo daquele jeito, tirou o leite, fez os queijos, colocou sal nos cochos e retornou para a fazenda do patrão.
Ficou tão descabreado com aquele lugar assombrado, que acabou esquecendo até o cachorro que ele mais gostava. Nos outros dias ele não retornou à fazenda, o senhor José tinha arrumado outro peão para tirar o leite e fazer os queijos.
Passados alguns dias, Zé Raimundo se lembrou de que tinha de voltar lá para buscar o cachorro, caso contrário, o cachorro morreria de fome.
Dessa vez foram a cavalo, levando um cachorro preto da irmã dele, o corta-ferro, e mais dois homens.
Olharam o gado, e, quando estavam passando perto do cemitério, veio um carro e atropelou o cachorro corta-ferro. O bichinho morreu na hora. O meu cachorro foi levado amarrado para não fugir.
Se é ou não coincidência, Zé Raimundo disse que evita pensar naquilo.
Alguns dias depois, voltou lá para mostrar a propriedade para o Baltazar, e o Baltazar disse a ele:
― Zé Raimundo você é mole demais, sô! Da donde já se viu isso? Se aparecer algo aqui, irei amarrar ele pelo saco.
Zé Raimundo desejou boa sorte, ao Baltazar, explicando que não teve coragem de permanecer ali.
Poucos dias depois de ele sair da casa, o Baltazar bebeu uma enorme quantidade de veneno Furadan[3], e de acordo com os conhecidos dele, fez até um buraco na cacunda.
Ficou-se sabendo também, pela boca dos outros, que logo após o Baltazar ter bebido veneno, foi em direção aos seus amigos e falou que tinha bebido uma coisa e ia morrer, só que não queria morrer de jeito nenhum, mas, ia morrer de todo jeito. E morreu de fato.
Zé Raimundo acha que foram as bobeiras que o sujeito falou que provocaram a sua morte.
Após essa tragédia o senhor José convidou um padre para uma celebração na fazenda assobrada. No dia da missa, além dos muitos convidados e familiares, estavam presentes junto com eles um pai de santo de outra cidade, para resguardar o padre, caso acontecesse algo com ele.
Apenas senhor José e a esposa dele tinham conhecimento do fato. Depois do ato ecumênico, nunca mais teve algo diferente na fazenda. Foram muitos os moradores e nenhum deles reclamou de assombração.


[1] Sapo bem grande conhecido popularmente como cururu.
[2] Lamparina é um objeto cônico de latão onde se derrama querosene que molha um cordão que serve de pavio para colocar fogo e iluminar o local. Lamparinas eram usadas principalmente onde não possuiam energia elétrica. Atualmente são poucas as localidades que as usam.
[3] Furadan é um veneno fortíssimo e perigoso. Inclusive existem vários relatos de pessoas perderem a vida após a sua ingestão.   


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quarta-feira

O tesouro do bálsamo. Trecho do livro Histórias do Além, de Rogério Corrêa

Trecho do livro Histórias do além, de Rogério Corrêa:

O tesouro do bálsamo:
  
Ainda jovem um rapaz foi abordado por uma cigana que pediu para ler a mão dele. Ela disse que tinha um tesouro para ele tirar, só que ele só seria autorizado a isso quando ficasse mais maduro.
Foram algumas vezes que o avisaram sobre o tal tesouro, primeiramente a cigana,
depois em sonho; outra vez uma entidade em um centro espírita. Esta finalmente contou que o tesouro ficava ao lado de uma árvore bem grande, velha, que se destacava das demais e ficava perto de onde antigamente passava uma estrada carreira e quando ele a via sempre se encantava. Falou, inclusive, que foi um viajante que a escondeu após notar que alguém o estava seguindo para roubar, só que não conseguiu achar o local onde enterrou.
Pensava e não conseguia se lembrar da tal árvore! Retornou ao centro espírita e conversou com a mesma entidade, que só falou:
― Ela está quase sempre as suas vistas.
A partir daquela informação o homem começou a furar buracos próximo de algumas árvores que ele admirava. Numa delas fez um buraco tão grande que a árvore caiu quando começou a chover. Depois de furar alguns buracos acabou desistindo.
Para atender a outra demanda, o homem voltou ao centro espírita, e sem ele perguntar nada, falaram sobre o tesouro enterrado:
― Você não entendeu o nosso recado. Você tem que procurar onde suas vistas alcançam. Novamente voltou para casa sem entender nada e não procurou. Algum tempo depois sonhou derrubando um grande bálsamo, que ficava em suas terras, à beira de um córrego, a menos de um quilômetro de distância do curral, para fazer móveis.
Ao passar próximo ao bálsamo, ele pensou em derrubar aquela árvore para fazer móveis ou para vender para carapinas construir carros de boi. Só que ficava com dó, por ser uma árvore tão bonita e 
que desde pequeno ouvia seu pai dizer que com o tronco daquela madeira dava pra fazer muitas coisas, principalmente carro de boi e móveis bons. Cresceu sabendo que aquela árvore era uma das mais cobiçadas, e não se lembrava das dicas sobre o local. Talvez porque ele tinha de ficar mais amadorecido, conforme a cigana falou. Vá saber.
Um dia, ao acordar, se lembrou de o seu pai falar que na época de seu avô passava uma velha estrada carreira próximo ao córrego, e só podia ser aquela a árvore!
Quando o dia raiou, ele pegou uma alavanca e uma boca de lobo e foi em direção ao bálsamo. Sua mulher estranhou e perguntou onde ele ia tão cedo e antes de tomar café.
― Vou ajeitar uma cerca e daqui a pouco volto.
Ao começar a cavar, apareceram alguns maribondos, e ele foi obrigado a ascender fogo e jogar galhos verdes para dar bastante fumaça para espantar os bichos dali.  Continuou furando e apareceram alguns besouros, e mesmo assim continuou a escavação. Ao fazer uma cratera, encontrou uma camada de carvão e ficou mais fácil de escavacar. Acertou algumas pedras, ao tirá-las, viu um pedaço de metal. Ao limpar ao redor, viu que era uma caçarola de ferro com carvão e com outras coisas no fundo. Desceu na beira do córrego para lavar. Quando mergulhou a caçarola debaixo d’água, o carvão começou a boiar, e, aos poucos, foi retirando o carvão, e apareceu algumas pequenas pepitas de ouro no fundo.


De acordo, com quem contou esse fato, o tesouro era pequeno, mas deu para o homem comprar algumas criações e para colocar as contas em dia. Que essa coisa de achar tesouro não é a gente que escolhe, são os espíritos que te dão! Se não for o escolhido, eles desaparecem na sua frente. 

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sexta-feira

O tesouro do bálsamo. Trecho do livro Histórias do Além, de Rogério Corrêa

Trecho do livro Histórias do além, de Rogério Corrêa:

O tesouro do bálsamo:
  
Ainda jovem um rapaz foi abordado por uma cigana que pediu para ler a mão dele. Ela disse que tinha um tesouro para ele tirar, só que ele só seria autorizado a isso quando ficasse mais maduro.
Foram algumas vezes que o avisaram sobre o tal tesouro, primeiramente a cigana,
depois em sonho; outra vez uma entidade em um centro espírita. Esta finalmente contou que o tesouro ficava ao lado de uma árvore bem grande, velha, que se destacava das demais e ficava perto de onde antigamente passava uma estrada carreira e quando ele a via sempre se encantava. Falou, inclusive, que foi um viajante que a escondeu após notar que alguém o estava seguindo para roubar, só que não conseguiu achar o local onde enterrou.
Pensava e não conseguia se lembrar da tal árvore! Retornou ao centro espírita e conversou com a mesma entidade, que só falou:
― Ela está quase sempre as suas vistas.
A partir daquela informação o homem começou a furar buracos próximo de algumas árvores que ele admirava. Numa delas fez um buraco tão grande que a árvore caiu quando começou a chover. Depois de furar alguns buracos acabou desistindo.
Para atender a outra demanda, o homem voltou ao centro espírita, e sem ele perguntar nada, falaram sobre o tesouro enterrado:
― Você não entendeu o nosso recado. Você tem que procurar onde suas vistas alcançam. Novamente voltou para casa sem entender nada e não procurou. Algum tempo depois sonhou derrubando um grande bálsamo, que ficava em suas terras, à beira de um córrego, a menos de um quilômetro de distância do curral, para fazer móveis.
Ao passar próximo ao bálsamo, ele pensou em derrubar aquela árvore para fazer móveis ou para vender para carapinas construir carros de boi. Só que ficava com dó, por ser uma árvore tão bonita e 
que desde pequeno ouvia seu pai dizer que com o tronco daquela madeira dava pra fazer muitas coisas, principalmente carro de boi e móveis bons. Cresceu sabendo que aquela árvore era uma das mais cobiçadas, e não se lembrava das dicas sobre o local. Talvez porque ele tinha de ficar mais amadorecido, conforme a cigana falou. Vá saber.
Um dia, ao acordar, se lembrou de o seu pai falar que na época de seu avô passava uma velha estrada carreira próximo ao córrego, e só podia ser aquela a árvore!
Quando o dia raiou, ele pegou uma alavanca e uma boca de lobo e foi em direção ao bálsamo. Sua mulher estranhou e perguntou onde ele ia tão cedo e antes de tomar café.
― Vou ajeitar uma cerca e daqui a pouco volto.
Ao começar a cavar, apareceram alguns maribondos, e ele foi obrigado a ascender fogo e jogar galhos verdes para dar bastante fumaça para espantar os bichos dali.  Continuou furando e apareceram alguns besouros, e mesmo assim continuou a escavação. Ao fazer uma cratera, encontrou uma camada de carvão e ficou mais fácil de escavacar. Acertou algumas pedras, ao tirá-las, viu um pedaço de metal. Ao limpar ao redor, viu que era uma caçarola de ferro com carvão e com outras coisas no fundo. Desceu na beira do córrego para lavar. Quando mergulhou a caçarola debaixo d’água, o carvão começou a boiar, e, aos poucos, foi retirando o carvão, e apareceu algumas pequenas pepitas de ouro no fundo.


De acordo, com quem contou esse fato, o tesouro era pequeno, mas deu para o homem comprar algumas criações e para colocar as contas em dia. Que essa coisa de achar tesouro não é a gente que escolhe, são os espíritos que te dão! Se não for o escolhido, eles desaparecem na sua frente. 

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O jeito foi mudar a casa de lugar! Trecho do livro Histórias do Além, de Rogério Corrêa

Trecho do livro Histórias do além, de Rogério Corrêa:

O jeito foi mudar a casa de lugar!

  
Há muito tempo aconteceu algo assustador a um casal de irmãos. Naquela época uma moça e seu irmão moravam em uma antiga casa, numa fazenda que herdaram dos pais, que por sua vez, haviam herdado dos pais, avós desses irmãos.
Geralmente as fazendas eram afastadas (ainda são) umas das outras, e na maioria das vezes os rapazes namoravam filhas dos vizinhos, para não terem de se locomoverem para tão longe, e o cavalo, era o principal meio de transporte.
Em um dia atípico, de tardezinha a moça começou a sentir uns arrepios estranhos e decidiu ir à casa da vizinha para não ficar sozinha, porque o seu irmão tinha ido a cavalo distante dali, para namorar.
A vizinha era muito pobre e tinha vários filhos. Prosearam, jantaram, e lá pelas 8 horas o filho mais velho chegou com alguns primos para dormirem na casa. A moça assustada, tinha pensado em dormir na vizinha, porém, não teve como, porque as camas eram insuficientes para todos.
Em cada uma das camas já iria dormir mais de uma pessoa, então, ela retornou sozinha para sua casa, naquela noite escura, e preparou a cama para dormir.
Naquele tempo não tinha energia elétrica nas fazendas, só lamparinas e candeias. De repente, algo deu um puxão em sua coberta. Ela acendeu a lamparina e não viu nada. Aumentou o pavio para iluminar mais, conferiu todas as tramelas[1] das portas e janelas para ver se estavam bem fechadas, também olhou debaixo das camas.
Depois de procurar bastante e não encontrar nada, tornou a sentir os arrepios e bateu aquele medo danado. Mas, pensou que poderia ser um rato e ele tinha se escondido no assoalho, então resolveu voltar para a cama, apagou a lamparina.
Passou-se um tempinho, e algo deu novo puxão em sua coberta. A moça novamente acendeu a lamparina, olhou, e nada viu.
O medo já tinha tomado conta dela, então, dessa vez, deixou a lamparina acessa mais tempo, pensando que o seu irmão chegaria rápido. Mas, não chegou.
Outra vez apagou a lamparina, e, depois de um longo tempo, a coberta da cama foi puxada outra vez, mas, com tanta força, que foi parar no outro canto do quarto.
A moça disse que só não morreu, porque seu coração devia estar muito saudável. Ficou tão apavorada, e, como dormir estava fora de questão, resolveu sair de dentro de casa e aguardar o retorno do seu irmão do lado de fora.
Não demorou muito, e escutou, ao longe o galopar do cavalo vindo em sua direção. Gritou o nome do irmão e ele respondeu. Ele quis saber os motivos dela não estar dormindo, e ela contou o que tinha acontecido. Ele sorriu muito, e disse que era tudo coisa da cabeça dela, já que nunca tinha sucedido algo daquela natureza na fazenda ou vizinhança.
Mas, a moça estava tão assombrada, e o susto tinha sido tal que ela teve de dormir com o irmão, todavia, naquela noite não houve mais incidentes.
No dia seguinte a moça disse ao irmão que não dormiria mais na casa, e, preparou suas roupas e as colocou em uma mala, despediu-se do irmão e seguiu para a estrada de terra por onde um ônibus passaria pela manhã, em direção à cidade mais próxima. Iria para a casa de familiares.
Contudo, o irmão não quis acreditar naquilo que lhe pareceram supostas assombrações sofridas pela irmã, e ficou sozinho na casa.
Alguns dias se passaram, e aconteceram coisas bem piores com ele: tomaram a coberta, escutou rinchados, gritos e latidos dentro da casa, e, quando acendia a lamparina não via nada. O medo foi tão grande que na mesma noite ele saiu da casa e foi dormir na fazenda do pai de sua namorada.
Ao chegar lá na fazenda contou a eles o que aconteceu à sua irmã e a ele. O assunto foi largamente discutido e os mais entendidos lhe aconselharam: “O jeito é mudar a casa de lugar!”
Nos dias que se seguiram permanecia na propriedade até a tarde, e, antes do anoitecer seguia para a fazenda da namorada. Ao mesmo tempo avisava os amigos que iria fazer um mutirão para desmanchar a casa.
Poucos dias depois desmancharam a casa e fizeram outra próxima à estrada e a um pequeno córrego.
Apesar de haverem mudado a casa de lugar, a moça ficou com tanto receio de dormir na casa, que pouco se lhe dava terem-na mudado de lugar. Nunca mais voltou lá para pernoitar. Contudo, o irmão dela permaneceu lá, e, felizmente, o que quer que houvesse de mal-assombrado, não acompanhou a casa na mudança, e o rapaz pôde dormir em paz.




[1]Tramela: é uma espécie de tranca para portas e janelas de madeira, que é feita com um pedaço de madeira resistente, com um furo no centro. Ela é pregada no batente das portas e janelas, de tal modo que pode ser girada para trancar ou destrancar.

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terça-feira

O jeito foi mudar a casa de lugar! Trecho do livro Histórias do Além, de Rogério Corrêa

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O jeito foi mudar a casa de lugar!

  
Há muito tempo aconteceu algo assustador a um casal de irmãos. Naquela época uma moça e seu irmão moravam em uma antiga casa, numa fazenda que herdaram dos pais, que por sua vez, haviam herdado dos pais, avós desses irmãos.
Geralmente as fazendas eram afastadas (ainda são) umas das outras, e na maioria das vezes os rapazes namoravam filhas dos vizinhos, para não terem de se locomoverem para tão longe, e o cavalo, era o principal meio de transporte.
Em um dia atípico, de tardezinha a moça começou a sentir uns arrepios estranhos e decidiu ir à casa da vizinha para não ficar sozinha, porque o seu irmão tinha ido a cavalo distante dali, para namorar.
A vizinha era muito pobre e tinha vários filhos. Prosearam, jantaram, e lá pelas 8 horas o filho mais velho chegou com alguns primos para dormirem na casa. A moça assustada, tinha pensado em dormir na vizinha, porém, não teve como, porque as camas eram insuficientes para todos.
Em cada uma das camas já iria dormir mais de uma pessoa, então, ela retornou sozinha para sua casa, naquela noite escura, e preparou a cama para dormir.
Naquele tempo não tinha energia elétrica nas fazendas, só lamparinas e candeias. De repente, algo deu um puxão em sua coberta. Ela acendeu a lamparina e não viu nada. Aumentou o pavio para iluminar mais, conferiu todas as tramelas[1] das portas e janelas para ver se estavam bem fechadas, também olhou debaixo das camas.
Depois de procurar bastante e não encontrar nada, tornou a sentir os arrepios e bateu aquele medo danado. Mas, pensou que poderia ser um rato e ele tinha se escondido no assoalho, então resolveu voltar para a cama, apagou a lamparina.
Passou-se um tempinho, e algo deu novo puxão em sua coberta. A moça novamente acendeu a lamparina, olhou, e nada viu.
O medo já tinha tomado conta dela, então, dessa vez, deixou a lamparina acessa mais tempo, pensando que o seu irmão chegaria rápido. Mas, não chegou.
Outra vez apagou a lamparina, e, depois de um longo tempo, a coberta da cama foi puxada outra vez, mas, com tanta força, que foi parar no outro canto do quarto.
A moça disse que só não morreu, porque seu coração devia estar muito saudável. Ficou tão apavorada, e, como dormir estava fora de questão, resolveu sair de dentro de casa e aguardar o retorno do seu irmão do lado de fora.
Não demorou muito, e escutou, ao longe o galopar do cavalo vindo em sua direção. Gritou o nome do irmão e ele respondeu. Ele quis saber os motivos dela não estar dormindo, e ela contou o que tinha acontecido. Ele sorriu muito, e disse que era tudo coisa da cabeça dela, já que nunca tinha sucedido algo daquela natureza na fazenda ou vizinhança.
Mas, a moça estava tão assombrada, e o susto tinha sido tal que ela teve de dormir com o irmão, todavia, naquela noite não houve mais incidentes.
No dia seguinte a moça disse ao irmão que não dormiria mais na casa, e, preparou suas roupas e as colocou em uma mala, despediu-se do irmão e seguiu para a estrada de terra por onde um ônibus passaria pela manhã, em direção à cidade mais próxima. Iria para a casa de familiares.
Contudo, o irmão não quis acreditar naquilo que lhe pareceram supostas assombrações sofridas pela irmã, e ficou sozinho na casa.
Alguns dias se passaram, e aconteceram coisas bem piores com ele: tomaram a coberta, escutou rinchados, gritos e latidos dentro da casa, e, quando acendia a lamparina não via nada. O medo foi tão grande que na mesma noite ele saiu da casa e foi dormir na fazenda do pai de sua namorada.
Ao chegar lá na fazenda contou a eles o que aconteceu à sua irmã e a ele. O assunto foi largamente discutido e os mais entendidos lhe aconselharam: “O jeito é mudar a casa de lugar!”
Nos dias que se seguiram permanecia na propriedade até a tarde, e, antes do anoitecer seguia para a fazenda da namorada. Ao mesmo tempo avisava os amigos que iria fazer um mutirão para desmanchar a casa.
Poucos dias depois desmancharam a casa e fizeram outra próxima à estrada e a um pequeno córrego.
Apesar de haverem mudado a casa de lugar, a moça ficou com tanto receio de dormir na casa, que pouco se lhe dava terem-na mudado de lugar. Nunca mais voltou lá para pernoitar. Contudo, o irmão dela permaneceu lá, e, felizmente, o que quer que houvesse de mal-assombrado, não acompanhou a casa na mudança, e o rapaz pôde dormir em paz.




[1]Tramela: é uma espécie de tranca para portas e janelas de madeira, que é feita com um pedaço de madeira resistente, com um furo no centro. Ela é pregada no batente das portas e janelas, de tal modo que pode ser girada para trancar ou destrancar.

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