Descrição do livro: “Festas de Carros de Boi” do filósofo
Rogério Corrêa vem de encontro com uma lacuna sobre os assuntos abordados, a
paixão pela nossa cultura e pelo carro de boi. Pois, muitos pensavam que, com
os meios de transportes modernos e evolução tecnológica, os carros de boi e as suas cantigas peculiares
iriam desaparecer, e só os encontrariam em museus, telas de pinturas ou
esquecidos em fazendas antigas. Contudo, ocorreu uma reinvenção para o uso dos carros de boi, saíram do labutar para o festejar. Neste trabalho o autor mergulha na sua
história, na cultura de um povo, e com riqueza de detalhes e fotografias,
mostra o porquê das Festas de Carros de Boi fazerem parte do calendário cívico
de algumas cidades Brasileiras. Especialmente, por encantar todos os
participantes e visitantes de vários lugares do Brasil e do exterior,
independente do sexo e idade. É paixão a primeira vista, seja pela cultura,
pela tradição, por curiosidade, pelo festar e por ter se tornado um
acontecimento histórico.
Prefácio: A história de um povo pode ser contada de muitas formas,
pois ela não é uma brisa à margem da caminhada das pessoas, mas a própria
caminhada do grupo humano. Eis a razão pela qual ela pode ser contada de várias
formas, visto que cada indivíduo tem o seu ângulo de visão da caminhada.
Rogério Corrêa percebeu, na sua tranquila experiência
mineira, que dentro do simples cotidiano de um povo encontra-se o espírito da
sua história, e consequentemente a essência da sua identidade.
O livro é uma composição de história geral, regional e de
sentimento de valorização de uma cultura, que nos chama a atenção para a
relevância de todas as peças do grande quebra-cabeça que é a história da
humanidade. Festas de carros de boi é a materialização literária do
espírito histórico, que o povo brasileiro construiu a partir das diversas artes
de viver no interior deste país, de modo particular no estado de Minas Gerais,
conforme descreve Rogério Corrêa.
Este livro impressiona por três pedras preciosas muito bem
esculpidas. A primeira é o valor atribuído ao carro de boi dentro da
história da humanidade. Que eu tenha conhecimento, é a primeira vez que se
mostra, com tamanha firmeza, a grande contribuição do carro de boi no
desenvolvimento da história da humanidade. A segunda é a riqueza de detalhes
utilizados para descrever a estética do carro
de boi, uma espécie de pintura clássica da simples visualização, que até
então, se percebia apenas como objeto. A terceira é a beleza da identidade da
cultura brasileira, extraída da história do carro
de boi. Narrando com autoridade de pesquisa empírica, Rogério se inscreve
na galeria dos grandes admiradores das coisas simples, mas que têm profundo
valor na composição histórica de uma cultura. E mais uma vez pomo-nos diante da
realidade do que se deve entender por cultura, isto é, que cultura é um
conjunto de elementos e sentimentos criados por um povo.
Neste livro, que é sobretudo uma homenagem àqueles que
desejam realçar o valor do carro de boi na cultura brasileira,
reconhece-se o porquê de a festa de carros
de boi estar se tornando um acontecimento histórico. As festas de carros de boi já são parte do calendário
cívico de algumas cidades Brasileiras, dentre elas, Vazante, no interior de
Minas Gerais.
O giro das rodas de madeira e a força das patas das
parelhas de bois, que arrastam cada carro, afundando o chão por onde passam,
são a demonstração de como o homem também
descobre o seu valor na contemplação das coisas que ele cria e domina.
Salve o carro de boi,
o carreiro, o candeeiro!... Salve os bois!, que sem eles, o homem precisaria
adaptar-se a outra ideia.
(Ernandes R. Marinho é Diretor
Presidente do ICEIB ‒ Instituto Cultural de Escritores Independentes do Brasil,
Professor
Doutor em Filosofia pela Sorbone/França.)